Na
metade dos anos 60...em plena ebulição da contracultura, estava em São
Francisco. Muitas bandas surgindo, gente louca, protestos e no número 69
da Haight-Ashbury conheci uma cantora incrível que viria a ser a minha
primeira namorada seu nome Grace Slick, oriunda da banda Jefferson
Airplane, juntamente com Jack Cassady, Jorma Kaukonen e Paul Kantner.
Grace
era incrível, dona de uma personalidade ímpar, olhos azuis e muito
inteligente, era uma verdadeira representante do acid-rock e fui viver
com ela
Acompanhei a banda para o Festival de Monterrey. Foi o
primeiro festival do que viria ser o ínicio da ERA DE AQUÁRIO e tudo ia
bem...até a entrada do BIG BROTHER&HOLLDING COMPANY com uma cantora
num terninho lamê, pensei: Seria uma banda com mais uma cantora e nada
ia superar a minha Grace. Quando ela abriu a boca no tema BALL AND
CHAIN...estava ao lado de Cass Elliot do Mama's and Papa's e disse
UAU!!! o que é isso?? perguntei a Cass, ela me disse: é uma cantora de
São Francisco, chamada Janis Joplin, eu mais uma vez disse UAU!!! Logo
adentrei ao camarim e percebi que ia ser uma paixão em 12 compassos.
Conversamos, rimos, e logo ela disse: Cara, gostei de você, o que tu vai
fazer hoje? Deu prá adivinhar onde fui parar naquele dia com Janis, Em
Monterrey.
Mais tarde... soube que Grace e Janis eram
amicíssimas e tratei logo de falar a verdade para ela que prontamente
entendeu e seguiu em frente com Jefferson Airplane em seguida fomos a
Woodstock naqueles três dias na FEIRA DE ARTE E MÚSICA DE WOODSTOCK. Foi
um festival magnífico que entraria para os anais da História da
Contracultura e dos movimentos pacifistas.
Os tempos foram mudando
e fui acompanhando essa evolução, numa dessas andanças em Londres, me
deparei com uma cantora meio lírica, meio popular, com uma voz de
soprano bem afinada, linda de cabelos escorridos do jeito que sempre
gostei estava com uma banda da pesada, intitulada Renaissance. Longos
temas, complexidade nos arranjos e com um baixista da pesada. Seu nome,
Jon Camp, que logo tratei de pegar umas aulas com ele.
Ela
me convidou para ver um ensaio da banda e lá permaneci. E como sou
muito desligado, somente mais tarde perguntei o seu nome onde
prontamente ela esboçou um sorriso e falou: Sou Annie Haslam, muito
prazer, estendi a mão e fomos a um pub londrino e ficamos conversando
sobre um som que estava transformando inúmeras bandas. Fazendo uma
fusão de música clássica, folk, música celta, longas passagens
instrumentais que estava recebendo a alcunha de ROCK PROGRESSIVO e
passei a gostar desse som...nem de longe soava como as bandas de São
Francisco, exigia uma audição mais refinada por causas das grandes
mudanças de compassos, forma e estrutura. Fui ficando fascinado por esse
som e cada vez mais louco por Annie, moramos juntos numa aldeia em
Yorkshire.Muitos concertos, gravações e muito amor com esse anjo do
grupo Renaissance e fomos felizes por um longo tempo.Certa vez...na
Alemanha, uma banda recém-formada foi convidada a abrir a temporada de
concertos do Renaissance.
Um grupo razoável com uma morena de cabelos escorridos e cantando num tom mais grave e som mais agressivo.
Nos
bastidores perguntei o nome dela para o Manager, ele prontamente me
disse SONJA KRISTINA que liderava esse grupo o CUVERD AIR com Darryl Way
no violino elétrico. Gostei da banda, ainda mais da sua vocalista.Não
sabia o que dizer para Annie e mal conhecia Sonja. Findada a
excursão...fui me chegado em Sonja que prontamente se mostrou solicita a
mim e fomos nos envolvendo, quando ela me reportou: Estou precisando de
um roadie, quer vir conosco? na hora respondi: Sim!!! e num impulso,
dei-lhe um beijo que ela foi aceitando prontamente e com uma linda
piscada deu prá entender tudo.Tive que levar um papo sério com Annie. E
mais tarde, o Renaissance de um lado e nós de outro para mais uma série
de concertos.Logo terminou, pois namorar cantoras de rock progressivo
estava me dando muito trabalho, pois elas são mais cerebrais, pensam o
tempo todo, filosofam muito...e tratei de ficar sózinho e seguindo
estrada.
Comecei as minhas andanças em Laurel Canyon, quando
entrei num bar e parei prá ver uma cantora super-afinada tocando um
violão de aço com afinação alternada e que estruturava acordes sem
muita dificuldade, letras inteligentes e sofisticação. Era então, casada
com o cantor Chuck Mitchell e logo tratei de saber mais sobre
ela...nesse meio tempo, a mesma se separou e passamos a andar juntos,
primeiramente como amigos e mais tarde acabamos por ficar juntos.
Ela
estava sempre inquieta com o seu som e sempre que podia dava a força
que precisava. Uma certa noite, estávamos ouvindo um disco do Charlie
Mingus, logo ela teve um estalo e me revelou: Maurito, vou colocar
letra em alguns temas do Mingus o que você acha? dei um belo sorriso e
afirmei...se vai tentar fazer isso, convoque aquele baixista que gravou
contigo o disco HEJIRA. Claro!! que pensei logo nele, o Jaco, sem ele
não tem o menor sentido esse disco e assim foi feito- MINGUS foi um
grande projeto da vida dela com Hancock, Shorter, Erskine e pude ver
tudo aquilo de camarote petrificado com a genialidade desses
músicos.Saímos para um concerto que viria ser um marco na sua carreira,
um lugar lindo com palco natural e um platéia atenta. O Santa Bárbara
County Bowl, em 1979 que culminou no disco "SHADOW AND LIGHT" Para esse
concerto, ela montou uma banda da pesada com Pat Metheny, Michael
Brecker, Don Alias, Lyle Mays e o Jaco quebrando tudo.Temas como Black
Crow e Coyote ilustram bem o que foi aquele concerto. A minha vida ao
lado do Joni Mitchell foi uma das melhores, simplicidade, sofisticação,
beleza e doçura, tudo isso foi Joni Mitchell em minha vida.
Um
breve namoro com as irmãs de Seattle Ann e Nancy Wilson com seu grupo
Heart, que misturava ecos do Led Zeppelin com baladas próprias.Elas
obtiveram um certo sucesso com o tema "BARRACUDA".
Os
tempos foram mudando, e já tinha findado os anos 70, 80 e os 90 prometia
tempos nebulosos na música e na minha já falida relações com mulheres
fantásticas e geniosas. Então... resolvi ir para Big Apple, Nova York,
onde as coisas ainda aconteciam, fui trabalhar no programa da SONY
TELEVISION, o famoso SESSION AND THE 54th e lá conheci uma cantora e
pianista chamada Fiona Apple, que não durou muito, pois ela acabou
ficando com sua assistente que também era a maior gata e aceitei essa
decisão plenamente, afinal de contas, sou livre e aberto e acabei por
retornar ao Brasil.
Foi quando tomei uma decisão: Nada de cantoras, sexo se tiver, alguma droga(depende qual) e música muito além do ROCK.
Me
envolvi com uma pessoa fora desse mainstream e fiquei por dez
anos...Hoje...com quatro anos soltos pelo mundo ainda procurando a
minha musa...enquanto isso...vou ocupando o meu tempo, escrevendo,
produzindo e cuidado do meu gato SILHIPPIE.