segunda-feira, 21 de setembro de 2015

1980...ANO QUE VI JACO E OS METEOROLOGISTAS IN LOCO.

Vinha daquela onda toda do Primeiro Festival de jazz em Sampa, 1978. Pude ver os mestre do jazz contemporâneo como Stan Getz, Dizzy Gillespie e os expoentes da era fusion como Chick Corea, Larry Coryell e Phillip Catherine, Joe Farrel que veio tocando no grupo do Chick Corea, Grupo Um e Márcio Montarroyos como convidado, a banda elétrica de John Mclaughlin e a grande jam com Hermeto, Corea, Mclaughlin e Stan Getz, tendo como base o grupo do Hermeto que na época contava com Jovino Santos Neto, Itiberê Zwarg e Nenê na bateria e o grande Pernambuco na percussa.
Ou seja, vinha de uma carga incrível de sons e concertos e ainda respirava aquela atmosfera gerada nos anos 70.
          Pois bem, vivia a década transitória e ainda plena ditadura militar que abrandava por essa época e as coisas estavam acontecendo em prol da cultura e do som de qualidade e como sempre estava presente nos concertos onde o som acontecia e soube que aconteceria o Rio Jazz Monterey Festival dentro das dependência do Maracanãzinho. O festival iria ocorrer entre os dias 14 a 17 de agosto de 1980.      
         E preparei-me para ver na quinta-feira dia 14 John Mclaughlin e Christian Escoudé e o tão aguardado WEATHER REPORT tocando na integra do disco duplo ao vivo 8:30, e lá fui eu com 20 anos de idade ver o Jaco em ação com Wayne Shorter, Jose Zawinull, Peter Erskine e Robert Thomas Jr na percussão...E fui arrebatado por temas como Scarlet Woman, Teen Town, Birdland,  "Badia/Boogie Woogie Waltz", "A Remark You Made" e finalmente o tão aguardado baixo solo de Jaco, a clássica "SLANG".  Ai jurava que estava numa dimensão paralela devida a qualidade emanada pelo grupo e mesmo com a sofrível acústica do local tudo soava com uma precisão e com aquela qualidade de disco de estúdio.
          Jaco com aquele Fender Jazz Bass descascado, sem trastes, plugado com chorus, delay, overdrive elevou o instrumento aos píncaros da inventividade em quatro cordas. Estava muito perto do palco completamente vidrado nos "meteorologistas" que fizeram chover som e texturas timbristicas nunca antes ouvida e vista em Terra Brasilis.
           E no dia 21de setembro de 1987, pela manhã, Jaco tinha partido para outro mundo e uma parte do meu som também findou-se .Tinha 27 anos.

John Francis Anthony Pastorius III foi-se e deixou seu legado.

 

 


terça-feira, 1 de setembro de 2015

MÚSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA?? OU, APENAS UMA MÚSICA SEM LETRA???


Se na década transitória dos anos 80, a música instrumental produzida no Rio de Janeiro, virou moda, muito por conta de grandes projetos como "RIO INSTRUMENTAL" no Parque da Catacumba, "Segundas Instrumentais" no Teatro Villa-Lobos. Muito embora boa parte vinha travestida de uma fórmula de apelo fácil com "teminhas" tipo Berkeley Sound" ou aquela fórmula funkeada do Lee Ritenour, Dave Grusin, Larry Carlton entre outros.A turma que pegou a carona nessa mesmice se deu bem e deitaram e rolaram nos clichês repetidos "ad infinitum".

            O verdadeiro som vinha de outras origens como Zerró Santos, Alquimia, Divina Encrenca, Grupo UM, isso sem contar os concertos antológicos do Hermeto e Egberto no Parque Laje, além do Marcos Resende e o GRUPO INDEX com Sizão Machado e Wilson Meireles, Arrigo Barnabe, Grupo Pé-ante-pé, 
Enfim, logo isso cansou e tudo caiu na mesmice que arrasta-se até hoje.
Como vi isso tudo in loco posso afirmar as palavras acima.  

E com isso,boa a parte do som de hoje já nasce morto...alguém vai lembra-se dele daqui a pouco.??..depois...??? duvido...Eu não lembro.
Tenho muitos amigos músicos e dos bons..o problema que mal consigo passar da primeira faixa daquilo que produzem...soa chato de doer...No palco a situação fica um pouco melhor, e com raríssimas exceções conseguem fazer algo que chamo de SOM. E o mais interessante é que acreditam piamente no que produzem, vai entender.
 Segundo, Osmar Günther,  O artista tem que passar a mensagem, se comunicar, passar emoção, interpretar. Hoje temos instrumentistas muito bons tecnicamente, estudados, preparadíssimos, com instrumentos de 1a. linha, com tudo que é recurso disponível, mas falta-lhes o principal. Poucos fazem a diferença.


  É a famosa música instrumental brasileira, sem pegada, sem tesão...Enfim, uma trepada mal dada.
É isso ai, bichos...